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OPINIÃO: Quaresma, convite à reflexão

Em nosso último texto, refletimos sobre o novo tempo litúrgico, que iniciamos no dia 6 de março, o tempo quaresmal. Devido à relevância desse período, e a mentalidade da maioria da sociedade atual, volto ao mesmo tema. Este período é um forte convite à reflexão, revisão de vida e, especialmente, um tempo de mudanças e de atitudes. Somos convidados a deter nosso olhar e nosso coração nas palavras e gestos de Cristo. Numa sociedade que prioriza o virtual, Cristo se faz carne, gesto, palavra e sensibilidade. Numa sociedade que põe sua confiança na tecnologia, na força da inteligência, Cristo se faz criança, ternura, proximidade e, sobretudo, amor.

Sim, numa época em que predomina a sociedade líquida e a pós-verdade, uma sociedade marcada pelas fake news, Cristo se anuncia concreto, real, visível, verdade e vida.

Quando tudo fala e vive de pressa, de rapidez, correria, velocidade, Cristo aparece como aquele que a única pressa é amar, perdoar e compreender.

Realmente, num mundo onde predomina a violência, ofensas, divisões e até mesmo o ódio, Cristo propõe a paz, o entendimento a concórdia e, sobretudo, a misericórdia. Numa sociedade onde predomina a desesperança, a tristeza e mesmo a angústia, Cristo proclama a esperança, a alegria e segurança.

Sim, neste tempo em que é normal buscar o consumismo, o transitório, o passageiro, Cristo mostra-se pobre, permanente e fiel.

Neste mundo onde encontramos tanto orgulho, agressividade, prepotência, concorrência e injustiça, Cristo traz, em sua própria pessoa e em sua mensagem, uma postura de humildade, de mansidão, de serviço, de solidariedade e de justiça.

Por isso, na primeira semana quaresmal fomos convidados a acompanhar Jesus ao deserto. Não necessariamente ao deserto geográfico, mas ao deserto existencial. Ou seja, entrar em nosso interior, no íntimo de nosso ser, e aí perguntar: como estamos vivendo nossa missão, como estamos enfrentando os desafios de nossa vida?

Na segunda semana do período quaresmal fomos convidados a subir à montanha para deixar a planície, deixar a rotina, para estar mais próximo de Cristo. Para poder ouvir sua declaração de amor, onde Ele nos afirma que somos seus filhos e filhas muito amados. Fomos convidados a subir à montanha, isto é, estarmos mais próximo d'Ele. Mas precisamos entender que a montanha pode ser nossa família, nossa comunidade, nosso ambiente de trabalho, pode ser o templo ou pode ser nosso grupo de amigos.

Na terceira semana, continuaremos a acompanhar Jesus de uma forma bem concreta. Nos adverte que todos somos pecadores, frágeis, necessitados do perdão e da misericórdia. Com isto, Ele nos adverte que não basta segui-lo, ouvi-lo, mas faz-se necessário converter-se, mudar de vida, de atitudes e especialmente mudar nossa cultura agressiva, egoísta, individualista, violenta, para uma cultura de comunhão, solidariedade, comunitária. E de modo muito especial, uma cultura de fraternidade.

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